Oh Poeta onde estás ?
No balbuciar alívio da criança asmática , no meio da noite, ao lado?
No soluço da mãe-feminista após maltratar a madrugada do menino, acima?
No berro misógeno do sem-teto, a frente, numa construção abandonada, ao sofá estás?
garimpando os escombros, socos e gemidos da sem-teto GOLPEADA.
No gralhar do Corvo-CUNHA, como nós, replica subconsciente o gélido Norte, atrás? nos apunhala: RAVEN.
Estás onde poeta ? Na contramão da vida ? No devir, se assim o for, estarias em mim? Em meu espelho (ego narciso) , ao centro? Onde nasci, no sul : NEVAR.
Nunca ! não, quando menos espero surge-te, insurge-te, abaixo, amparando minhalma calorosa, na mais profunda e expressiva expressão poética : No silêncio.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
sábado, 2 de abril de 2016
Nunca antes houve um partido
Em 1992 fui ao
congresso da UBES em um ônibus do pessoal do PT.
Ao chegarmos no
complexo do Anhembi em SP nos unimos aos demais partidos de esquerda
da época, basicamente: PCdoB, PSTU e UJS. Diferentemente do
congresso da UNE, no secundarista a esquerda era irrisória; isso
refletia o abismo de consciência política e realidade social de
quem conseguia entrar na Faculdade e quem ficava de fora; Ao todo
éramos cerca de no máximo 300 estudantes "vermelhos" num
mar de 5.000 "verde-amarelos" ou "Preto-Branco-Vermelhos".
A militância do PMDB era a maior, e mais "truculenta". Na
época, PT e PMDB eram água e vinho, não havia o "tico-tico no
fubá" de hoje não! Passamos por momentos de forte intimidação
pelo PMDB, tomamos porrada, nos escondíamos nos ônibus. Era PUNK!
Hoje dou gargalhadas
ao lembrar nossa turminha de 30 pessoas cantando "caminhando e
cantando e seguindo a canção…" e lá na frete a “TROPA DE
CHOQUE” do PMDB correndo em nossa direção, e, ironicamente
gritando: "SENDERO, SENDERO, SENDERO LUMINOSO !".
Na época o
presidente da UNE, Lindinberg Farias (PCdoB e líder do movimento dos
Caras-pintadas), promovia uma cruzada estudantil a fim de levar o
pensamento de esquerda aos mais jovens ainda, secundaristas: Era o
arauto da esperança e símbolo de resistência da juventude tão
marginalizada no país. Hoje quando vejo Lindinberg ao lado de Collor
tenho que abstrair e imaginar que estou em um filme surrealista, ou
numa "pegadinha do malandro", mas é real, tacanho!
Apesar de vivenciar
os movimentos estudantis da época, mais como músico do que
militante, eu sentia a mesma falsidade tanto nos discursos de colegas
de esquerda quanto nos pronunciamentos dos “truculentos” de
direita. Mas olhando o âmago de cada facção, e longe da retórica
que usavam, percebia que a linguagem do PT era realmente mais
sensível e preocupada com o social: O PSDB era pragmático e
ascético demais para perder tempo em ouvir o povo; o PMDB era o
próprio povo, todavia cego, surdo e mudo debruçado em seu ego, e os
demais partidos de esquerda? Radicais, queriam muito mais impor uma
estética e pensamento ao povo que ouvi-lo.
Assim, vi surgir o
partido que mais se preocupou e agiu em favor do trabalhador, do
povo. E digo isso sem nenhuma militância, e com a consciência e
coração livres. Mas como diria Cazuza “O tempo não para” e
acrescento, ele tudo muda. O PT mudou, o pacto com o PMDB fez a
"sensibilidade social petista" se esvanecer em 50 tons de
cinza. Vários políticos sérios abandonaram o PT por causa desse
sadomasoquismo com o PMDB. Todo mundo sabia que essa "festinha
no AP", melhor dizendo, "no poder", iria acabar. O que
eu não imaginava era que o custo seria uma polarização e aversão
extrema ao PT. "Fui convidado para uma tal Suruba...não pude
ir o PT foi no meu lugar!" canta o PMDB, só que não vão
levá-lo ao hospital pela manhã.
Eis porque digo que
o PT é Masoquista:
- Participou
ativamente, até com Greve Geral, do movimento das "Diretas Já"
sem nenhum lucro posterior e imediato como tiveram PMDB, PSDB e
demais partidos;
- Participou
ativamente para o impeachment do Collor, agora com o sonho de
benefício imediato, mas deixou o PMDB (que era do governo Collor)
assumir o poder;
- Participou
ativamente contra o governo do PSDB/FHC, obtendo posteriormente
benefício imediato da eleição posterior mas se sujeitou ao
"cafetão" PMDB.
Agora que o governo
entra em colapso, que o sadô-masô termina, a militância petista,
com ajuda de parte da população, resiste nas ruas
sem nenhuma bandeira sequer do PMDB.
"Quem não
pecou que atire a primeira pedra!", o PT é a Maria Madalena da
política moderna. Antes de apedrejá-lo devemos reformá-lo, ou
melhor dizendo, desconstruí-lo. Mesmo que o PT morra, sua história
jamais poderá ser apagada, e sim, volto a afirmar: Foi o partido que
mais fez pelo social em toda história do Brasil. Foi o partido que
mais se engajou em movimentos e reformas, portanto, não podemos
dizer que a crise é institucional e inescrupulosamente berrar aos 4
cantos : "FORA DILMA E LEVE O PT!", melhor seria sussurrar em seu ouvido: "Renuncie
Dilma, e reforme o PT!".
Se culparmos as
instituições como um todo pelos erros de seus dirigentes estas não
ficariam de pé:
Igreja Católica (
Antes de Francisco)
Igreja Evangélica
(Na era Edir Macedo)
CBF ( Sempre )
Clubes de Futebol
BNDS ( Sempre )
Partidos Políticos
( TODOS )
Tribunais de Justiça
Legislativo
Forças Armadas
Polícias
Esqueci alguma ? Com
certeza milhares !
Todas as
instituições sofrem de carência de liderança e reforma
estrutural, mas não necessariamente de extinção, o PT não é
diferente.
Renuncie Dilma, e reforme o PT!
sexta-feira, 1 de abril de 2016
Criança na noite do Mundo
Também tenho o sentimento do mundo,
não como o olhar do poeta, do interior,
singular e belo chorando na noite, atrás da rua,
mas opaco, pálido e gélido, concreto
de uma geração clonada sem dor.
Hoje a criança cai muda na noite
escrava do rítimo sem acordes, no mundo,
seu corpo regride na impertinência dos dedos
a teclar a pragmática do corpo sem amor.
Tenho duas mãos e entro em qualquer casa
e saio, sem suportar o mundo , as costas.
Os olhos vêem e o coração não sente.
Chegou um tempo em que a ordem é se calar
Chegou um tempo em que a vida se copia
E não há mão que levante a colher: o menino bebe sozinho.
A Dobra "mas é claro que o sol vai voltar amanhã"
Engendro cada nascer e "pôr" do Sol,
ainda que minha rebeldia poética queria imprimí-los em minha alma como mera repetição,
vivo seu calor na pele no teor de sua singularidade:
Porque é no "caralhonésimo" erro do poeta que a vida se permite viver única, paradoxalmente poética.
No vai e vem da vida, e do sol, o ser é poesia enquanto não se dobrar no âmago de si, único, uma última vez como SUPERNOVA.
Alan Darko
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