sexta-feira, 1 de abril de 2016

Criança na noite do Mundo


Também tenho o sentimento do mundo,
não como o olhar do poeta, do interior,
singular e belo chorando na noite, atrás da rua,
mas opaco, pálido e gélido, concreto
de uma geração clonada sem dor.

Hoje a criança cai muda na noite
escrava do rítimo sem acordes, no mundo,
seu corpo regride na impertinência dos dedos
a teclar a pragmática do corpo sem amor.

Tenho duas mãos e entro em qualquer casa
e saio, sem suportar o mundo , as costas.
Os olhos vêem e o coração não sente.

Chegou um tempo em que a ordem é se calar
Chegou um tempo em que a vida se copia

E não há mão que levante a colher: o menino bebe sozinho.

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